sábado, 7 de junho de 2008

Encontro de Gerações: algo natural ou trata-se de um problema?


Passei alguns momentos da minha vida me perguntando o porque de eu ser igual a muitos(poucos, acho eu) e diferente de tantos outros (também acredito que seja). Igual pois sei e tenho certeza de pessoas que tem as mesma ideias, objetivos e convicções, mas diferente, pois no meu grande convívio com as pessoas da minha faixa etária, penso de forma diferente, ações diferentes, postura diferente e isso independe de gosto ou outra coisa qualquer que venha ser fator crucial e que faça você achar relevante.
Uma coisa bastante interessante que venho observando há muito tempo, muito tempo mesmo ... é o que chamo de "Fusão das Gerações". Em certos momentos da história, ou fases da vida era muito evidente a distinção de faixas etárias, grupos de idades diferentes. Você poderia diferenciar a filha, da mãe e da avó. Nos dias essa estrutura ou melhor, essa segregação de faixa etária não é mais observada e se ainda acontece é com menor frequência.
Deixe eu tentar melhorar esse meu questionamento filosófico. Em certos momentos, fatos ou acontecimentos da história era observado um predomínio de pessoas de uma mesma faixa etária, jovens buscando uma coisa, idosos buscando outra coisa, homens em um só objetivo, mulheres juntas na mesma luta e hoje, presenciamos o contrário: homens e mulheres com interesses em comum, jovens lutando pelos idosos. Para tentar chegar melhor onde quero trago a seguinte situação: em uma festa de musica eletrônica você pode encontrar sua colega de (21 anos) e junto a ela, a mãe (37 anos) e a avó (58 anos) ...
Agora se trono comum situações desse tipo ... mas eu me pergunto: será que essa liberdade, esse acesso, essa mistura, essa "fusão" é boa para sociedade, traz problemas para as partes envolvidas? deve ser vista como problema social ... sei lá, isso é bom ou ruim?
Estava escutando uma entrevista em uma emissora de rádio e o debate era sobre educação nas escolas, chegou em um momento que estavam comentando sobre a questão do boletim de notas. Antes os pais tinham uma certa preocupação com isso, a escola entregava diretamente isso para eles e só aceitavam o mesmo se fosse assinado pelo responsável. Tinha aquela questão do acompanhar como filho esta na escola, em todos os sentidos. Não preciso levar isso para muito longe não, pois até quando eu sair do ensino médio no meu colégio (mesmo sendo de regime militar) seguia esse padrão. Eu recebia o boletim em um dia e no mesmo dia dava aos meus pais um deles assinar e devolvia o comprovante no colégio (e olhe que tinha uma semana para entregar). Hoje o mesmo é enviado para o e-mail do pai, ou então para celular, a menina que trabalha na casa assina, o pai com pouco tempo nem olha direito e assina ou ver umas notas vermelhas e nem dar importância. Antes a preocupação dos pais com rendimento dos filhos era bem maior do que nos dias de hoje. Não que os pais não se interessem mais por isso, mas pelas circunstâncias (não se é tempo) , pelas facilidades que o mundo moderno oferece ( podemos citar as diversas provas de recuperação até o jovem passar) mas que mudam certos pontos que não deveriam mudar e que são deixados de lado. Isso envolve outras coisas, mas a ideia de comentar é para sinalizar uma mudança muito brusca, pois observo por mim, tem mais ou menos 4 anos que sair da escola e isso mudou de uma hora outra, será?
Outro assunto que envolve realmente essa abordagem é quando falamos de intimidade ou então do relacionamento inter-pessoal. Cara, as pessoas fazem as coisas mais não notam, acho isso muito bom mesmo, pois se notassem eu estava frito (rsrsrs), até porque costumo viver isso no meu dia-a-dia. Vamos lá.
Eu entrei na faculdade com 17 anos e logo de cara, tinham pessoas bem mais velhas do que eu na minha sala: 35, 41, 64 anos ... e ai me perguntei: será que vai haver panelinha ...? Pais de família, pessoas formadas em outras áreas e eu e alguns outros "virgens" sem muita coisa para oferecer à aquele que já passaram por tantas coisas. Percebi que não era nada do que imagina essa questão do "oferecer algo" me mostro que tenho muita coisa a passar mesmo com a tal pouca idade. Como eu disse, a questão de eu ser "diferente" dentro da minha faixa de idade, é que não tenho costumes que geralmente um carinha da minha geração costuma ter e acaba generalizando para os demais (pago um preço tão grande pelas ações deles), o de geralmente falar bobagem, ser imaturo, bobo, só querer curtir, gastar, pensar em futilidades, sexo, balada, drogas, carro e etc ... Não que eu queira ser melhor e não que eu tbm não goste de tudo que foi citado, sim eu tenho momentos de falar bobagem, de agir com futilidade, de gostar de falar de sexo, frequentar baladas, curtir e aproveitar a vida, mas nada na extenssão da inconsequência (o que acho que afastam jovens e adulto de se tornarem cúmplices). Gosto de arriscar ... não tenho medo de fazer as coisas, mas em 50% dos outros momentos prevalece a razão e o bom senso.
Para mim é natural mesmo tudo isso, não vejo com "diferente" ... tenho amigos que tem a idade da minha mãe, que tem filhos, que gostam das mesmas coisas que eu e que não ligam para essa merda de idade. Idade não diz nada e como sempre falei o que vale é a maturidade, postura, decisões, ações que essas pessoas assumem.
Tipo, coisas que antes uma tia não falava para sobrinho (na geração dos meus pais), hoje em dia trocam confidências. Assuntos que só eram tratados por adultos, hoje o pai manda o filho fazer. Decisões que o chefe da família tinha que tomar, hoje são tomadas por seus filhos que me algumas coisas são mais objetivos.
Hoje é comum você encontrar homens mais velhos com mulheres mais novas e vice-versa. Filho de 20 anos sentado com pai de 57 anos em um mesa de bar, paquerando. Jovem de 26 anos, sustentando um família. Isso mostra a evolução de nossa sociedade? Será que isso que é uma situação tão boa e lucrativa para todos nós, é vista com bons olhos pelo restante da população?
Acho que não. Em contra-partida a esse "BUM" a qual uso outra denominação: sócio-etário, existem pessoas que não admitem a convivência entre gerações, e acham que cada um deveria ficar no seu lugar. Outras pessoas tem uma certa resistência a isso, não sei se por medo de represálias (dos que não toleram) e com isso evitam se envolver ou serem vistos juntos com outras pessoas mais velhas ou mais novas do que elas.
Quais são as consequências disso? Será que podemos achar algumas?
A infatilização do adulto ou amadurecimento precoce da população jovem, seriam consequências a qual devemos nos preocupar? Será que acontece mesmo?
Isso é um bom tema para uma pesquisa de cunho social, uma abordagem bem complexa e que traria grande resultados e respostas para diversas questões a qual estamos passando.
Não sei se as pessoas olham para mim como consequência negativa desse "processo", mas não me sinto muito lesado por me acharem um pouco maduro para minha idade. Ás vezes me pergunto se eu não desse tanta importância para algumas coisas, se hoje estaria nessa situação, ou então se eu me colocasse no meu lugar (só interagisse com pessoas da minha faixa etária), teria passado pelas coisas que passei? Acho que aprendizado advém de três fatores:
- base teórica;
- base prática;
- experiência ou vivência;
Não sei se estou no lucro ou se estou ganhando um grande prejuízo: sofrendo antecipadamente, vivendo coisas que não teria necessidade de passar. Mas pela minha ousadia, sou assim e estou muito bem e feliz com tudo isso.
Tem situações onde vejo crianças 9com pouca idade) agindo que nem adultos, tendo vida de adulto, se envolvendo em conversas de adultos e deixando de viver a vida de criança, que é de brincar, de se sujar de barro, subir em árvore, brincar de polícia e ladrão, e pique-esconde, pega-pega. Olhe que vivi isso e não sou um ancião para fazer esse comentário. Hoje jovens e crianças não sabem o que é ter uma verdadeira infância ou juventude. Em pouco tempo um estrutura muda mesmo (impressionante isso).
Se me deixar escrevendo passo horas citando, explicando e expondo diversas ideias. Mas para não ser tão complexo em um assunto que também é bastante complexo, finalizo dizendo:
"A mistura entre o jovem e o velho, o presente e o passado nos traz como solução, uma substância consistente e de uma complexidade tão grande, que pode ser usada em diversos componentes para produzir diversos efeitos. Dependendo de qual seja o componente usado (o jovem e o velho), isso trará um resultado tão bom e tão grande, comparado a aquela surpresa onde você tenta descobrir como o mágico fez aquele truque (tem uma explicação, mas não é revelada). Todos temos a lucrar com a substância produzida dessa mistura de gerações, apenas é a questão de aceitar e dar oportunidade (aqueles resistentes) para as coisas acontecerem, até porque cada um tem seu tempo e as coisas acontecem quando menos esperamos."

8 comentários:

SAM disse...

Jeff


Seu texto, muito bem elaborado , parece simples dar uma opinião formada. Mas não é. Esta é uma questão muito próxima a mim ( no meu jeito de ser) também no tanto que me questiono e me pego analisando: mesmas perguntas, conclusões e até algumas preocupações.

Veja no primeiro item me encaixaria como sua avó rsrsrsrsrs. Pessoalmente decidi ser eu mesma da forma mais transparente possivel. Esta liberdadde de ser verdadeira e natural conquistei com a maturidade. Lógico que me preocupava em estar adequadamente inserida no contexto comportamental sócio-cultural em consonância com a minha idade. Tinha medo de ser uma caricata ( que considero enganada com os tempos e pensando que engana com trajes e modo de se expressar),e constranger minhas filhas e marido pelo meu jeito. Claro que eles se preocupavam com este meu lado espontâneo que nem todos entendem. Conselhos preciosos tive, assim como orientação pela minha extrema ingenuidade que não se adequava a minha idade. Apenas isso os preocupava. Porque na verdade , quando você age de forma espontânea e natural não há como ser confundida com uma caricata. Isto devo aos jovens ( amigos das minhas filhas) aos quais chamo de sobrinhos carinhosamente esta observância. Eles adoram sair comigo. Por questão de idade e, principalmente medo de constrangê-los em sua liberdade evitava acompanhá-los. Chegavam as vezes, voltarem em casa para me buscarem. Entram no msn quando viajam e dizem: tia vem pra ficar " fodão" rsrs. Com isso fui relaxando .

Outro dia fiquei espantada ao citar estas brincadeiras do meu tempo com uma baianinha linda, noiva de um primo, que também brincava desta forma. Achei que talvez ela fosse do interior e por isso conhecia as tais brincadeiras. Mas vem voce e também as cita.

O espanto é por ver as crianças de hoje envolvidas em brinquedos eletrônicos. Enfim, tão diferente dos costumes da minha geração!

Minhas filhas foram educadas a não colocarem barreiras e limite de idade no seu círculo de amizade. Mas vai da pessoa. A mais velha desde cedo tinha conversa pra todas as faixas etárias . Limite, só em relação ao respeito, claro. A mais nova, com o seu jeitinho maduro é mais voltada para amizades com uma faixa etária mais avançada que a dela.


Em relação a educação das minhas filhas sempre fui muito presente, assim como o pai, sem modernismos inúteis, que não educam e geram problemas.


Grande beijo

SAM disse...

Jefffffffff rsrs mais uma observação.

Uma coisa que observei no seu texto atentamente e destaco aqui:

" A infatilização do adulto ou amadurecimento precoce da população jovem, seriam consequências a qual devemos nos preocupar? Será que acontece mesmo?"


Me preocupo com este amadurecimento precoce dos jovens. E muitas vezes fico penalizada pelo excesso de exigências que eles tem que encarar, e uma grande responsabilidade que lhes são impostas precocemente , mas inevitável nos dias atuais.


Beijos com carinho.

Maria Dias disse...

Jeff...

Somos únicos (cada qual com uma única digital).Texto para refletir e pensar...Obrigada por compartilhar conosco teus pensamentos e questões...

Beijinhos...

P.s.Apareça!

Lu.a disse...

Passei aqui de fugida, só para deixar um beijo, voltarei para ler melhor o post, que já vi que a coisa promete! ;)

Beijão!

Maria Dias disse...

Oi querido!Passando por aqui rapidamente para dizer-lhe q adorei te ver novamente no meu "Avesso"estava mesmo sumido...
Aproveito para convida-lo a voltar e tomar uma xícara de chá comigo!

Beijinho

SAM disse...

Querido Jeff vim deixar um beijinho carinhoso e te desejar uma �tima semana.

Um olhar para dentro disse...

Ufaa... hj to passando pra deixar um beijinho e confesso que não li seu testamento. rs
Me perdoa? Estou no meio do expediente e só queria dizer que não me esqueci de vc.
:******** e um ótimo finde

Jac C. disse...

Tô te linkando, viu rapaz!
Beijos