terça-feira, 18 de setembro de 2007

"ADULTOS COMO NÓS" - JLBELAS

Uma visão das mudanças no seu dia-a-dia:
Nós, "adultos" , gastamos diariamente uma enorme quantidade de energia para manter a imagem que construímos ( e que construíram) de nós mesmos.

Observo, no meu dia-a-dia da clínica, que a grande maioria das pessoas que atendo apresenta uma dificuldade considerável para fazer as mudanças que elas "sabem" que precisam realizar em suas atitudes e comportamentos para conseguir viver um nível mais favorável de qualidade de vida, principalmente na área afetiva.

Tudo indica que a adolescência é a última tentativa que fazemos para sermos nós mesmos. Mas, mesmo ali, ficamos frente a frente com uma barreira enorme e nessa luta para superar esses obstáculos, acabamos, a maioria de nós, vencidos pela pressão cultural e social onde fomos moldados.
Essas afirmações poderão ser consideradas, por muitos, como extremadas mas a vivência clínica nos mostra que não.

O dado mais significativo a respeito é que não se trata de incapacidade reflexiva, nível intelectual, sensibilidade, "força de vontade" do cliente. Não. O que se percebe é que ele, mesmo possuindo todos esses atributos, age como se fosse impotente diante da força para o "não mudar".

Sua identidade - ameaçada - é como um inimigo seu que se debate numa peleja, quase mortal , para se manter "integra"(tal como foi construída e permite um fácil reconhecimento por parte de "seu dono).

Chamei, certa vez, esse fenômeno de "rigidez móvel" fazendo um paralelo com o movimento de uma roda em torno do seu eixo: gira, portanto é móvel, mas não sai do lugar, portanto é rígida.

Quando uma pessoa mostra à outra o que essa deverá fazer para mudar, e lhe dá um conselho "bastante correto", seria de se esperar que, partir daí , surgisse uma mudança nela. Mas, ao contrário, essa transformação fica mais difícil. Isso inicialmente parece meio sem lógica, não é? Mas , com esse "empurrão", vindo de fora da pessoa, surge também uma visão ainda mais clara da transformação que ocorrerá na imagem que a pessoa tem de si-mesma , se aceitar a sugestão dada.. Nesse momento as defesas aumentam surgindo um nível elevado de ansiedade como uma reação de auto-proteção que visam manter a integridade do EU.
Eu diria que esse aumento é diretamente proporcional ao nível de intervenção que visa a mudança do outro.

Quanto maior o estímulo para a mudança da auto-imagem de uma pessoa, maior a defesa que surge nela para mante-la.

Essa estrutura (auto-imagem) tem raízes bem profundas e antigas. Através da RPHP temos visto que fatos ocorridos em fases bem iniciais da vida de uma pessoa geram atitudes que se repetem até hoje ( não importa a idade atual do cliente ) . Isso nos leva a compreender o quanto essas experiências infantis passam a ser "determinantes marcadores" que ficam gerando condutas que se repetem por terem sido "eficazes" na manutenção da integridade da auto-imagem daquela pessoa jovem.

Ela aprendeu a "melhor maneira " de ser, ou sobreviver. Certamente não deixará tão facilmente essa segurança se perder - ainda que já não lhe seja mais adequada nos dias atuais.

Nem sempre, portanto, "querer é poder", principalmente quando o sentimento experimentado nos diz que "não podemos ( ou devemos) querer mudar", pois isso é perigoso.

O jovem e a criança querem e crêem que podem querer ser eles mesmos. Infelizmente nós os desestimulamos com a nossa "sabedoria", ou melhor, com o nosso medo de mudar e acabamos os convencendo de que o melhor mesmo é serem aquilo que lhes sugerimos ser. Aos poucos, o tempo passa e eles se tornam adultos. "Adultos como nós, com medo de ser plenamente o que, de fato, são."

2 comentários:

Menina Lunar disse...

Que legal...
Nós deveríamos ser nós mesmos em qualquer idade :)
Beijo!!

Anônimo disse...

Fiquei muito contente por você ter colocado meu texto em seu blogger.
Tudo indica que você gostou.
Um abraço.
JLBelas
www.jlbelas.psc.br